Notícias do mercado imobiliário
Cariocas querem casa
Que crise, que nada. Pesquisa do Ibope, feita por encomenda de empresas do mercado imobiliário, mostra que 21% dos chefes de domicílios cariocas pensam em comcomprar um imóvel residencial ainda este ano. Inédito, o levantamento, que ficou pronto agora, foi realizado no auge da crise financeira, entre os dias 8 de outubro e 29 de dezembro do ano passado.A estabilidade da economia e a decisão do governo federal de estimular a compra da casa própria são apontadas como algumas razões para esse resultado, que também aparece em dados da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi). Segundo a entidade, em março deste ano foram lançadas 538 unidades no estado, 16% a mais do que em janeiro.
- Ficamos surpresos ao perceber que, mesmo no auge da crise, o número de pessoas que se mostraram interessadas em comprar um imóvel é bastante significativo, acima do esperado. Isso mostra que o mercado imobiliário não está abalado - diz Márcia Cavallari, diretora executiva de Atendimento e Planejamento do Ibope, acrescentando que, em São Paulo, o resultado foi parecido: ficou em 20%.
Intenção de compra é maior na classe C
Baseada num universo de 1.107.855 chefes de domicílios das classes A, B, e C que moram em 102 bairros do Rio, a pesquisa realizou 14.544 entrevistas, sendo três mil o número final de pessoas interessadas em comprar um imóvel. A diferença nos resultados das variadas faixas de renda reforça a importância do papel do governo federal nessa pretensão de compra. O percentual de chefes de família que querem adquirir a casa própria este ano chega a 22% na classe C e desce a 17% no caso da classe A. Na B, 20% têm essa intenção.
Já em relação à idade, a disposição de compra atinge 25% dos que têm de 25 a 40 anos, diminui para 19% entre 41 e 60 anos e cai mais, para 14%, entre os de 61 a 75 anos.
Para o economista João Bosco Segreti, diretor da Sam Consultoria e professor do Instituto Brasileiro de Estudos Financeiros e Imobiliários (Ibrafi), o rompimento da desconfiança dos novos mutuários em assumir um financiamento é uma das principais razões para o mercado imobiliário se manter aquecido, apesar da crise.
- A queda da inflação e das taxas de juros permite que os prazos atinjam até 30 anos, com contratos de até 80% do valor do imóvel e juros inferiores ao teto de 12% ao ano, previsto pelo Sistema Financeiro de Habitação (SFH). As taxas chegam a 9% para imóveis abaixo de R$ 120 mil. O fantasma da correção monetária não assusta mais, deixando o comprador à vontade para optar entre prestações fixas ou reajustáveis. Tudo isso faz com que a aquisição da casa própria seja mais vantajosa que o pagamento do aluguel.
É o caso da médica Maria Lopes, de 54 anos. Moradora do Humaitá há 12 anos, onde aluga um apartamento de três quartos, ela tem buscado um imóvel maior para comprar nas imediações de Laranjeiras e Botafogo, que oferecem preços mais acessíveis. A ideia é mudar o quanto antes, com o marido e os três filhos: - Sempre quis me livrar do aluguel, mas só agora, com a economia estabilizada, tenho me sentido mais confiante para investir.
Já Rogério Chor, presidente da Ademi, diz que os motivos que protegem o mercado de imóveis da crise também têm a ver com incentivos recentes do governo, como o programa habitacional "Minha casa, minha vida".
- O maior sonho do brasileiro ainda é a casa própria.
Mas, se antes, as pessoas achavam que esse era um sonho impossível de realizar, agora elas percebem que a história é outra: que a situação é muito mais fácil do que imaginavam. A queda da inflação também garante maior previsibilidade, ou seja, quem compra tem mais certeza de que conseguirá pagar as prestações.
Produzido para ajudar o mercado imobiliário a tomar decisões estratégicas, o levantamento do Ibope revela ainda que 13% dos cariocas buscam casas ou apartamentos fora do Rio, sendo 7% em outras cidades fluminenses, 4% em municípios do Grande Rio e 2% em outros locais (estado ou país). Em São Paulo, esse número é ainda maior: 17% dos paulistanos têm a intenção de adquirir imóvel residencial fora da capital.
Especializado em antropologia social e urbana, o pesquisador Gilberto Velho arrisca alguns palpites para a fuga cada vez maior dos cariocas da cidade onde nasceram: - Todo mundo sabe que os imóveis são mais baratos fora do Rio, mas essa está longe de ser a questão central. As pessoas querem é fugir da violência, o exemplo mais gritante do caos urbano em que estamos imersos. Desordem, poluição e engarrafamentos também impedem os cariocas de alcançarem a qualidade de vida que desejam.
Conheço muita gente que, se pudesse, ia embora.
Não vai porque se sente preso, por alguma razão.
Morador de Botafogo, o professor Eduardo Pessoa, de 65 anos, já decidiu que, em breve, se muda com a família para uma casa em Itaipava: - É claro que a região serrana está crescendo, mas não no ritmo do Rio, que beira a saturação.
Aqui somos tolhidos do nosso principal direito, que é o de ir e vir. A violência está cada vez mais insustentáve
Destino dos que saem da capital é previsível
Mas para onde vão os cariocas? Segundo Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel, eles não vão muito longe.
As cidades mais procuradas fora do Rio, afirma, são Petrópolis, Itaipava, Teresópolis, Angra, Búzios e Cabo Frio:
- É questão de proximidade.
A pessoa pode ir e voltar da serra ou da praia no mesmo dia, seja para relaxar ou morar.
Uma pesquisa realizada pela incorporadora MDL Realty com visitantes e compradores de dois empreendimentos residenciais lançados este ano, em Cabo Frio, mostra que, de janeiro a abril, 659 pessoas passaram pelo estande, sendo 129 do Rio. Dos 67 compradores no período, 12 são cariocas.
No caso da região serrana, geralmente a demanda é por casas em condomínios fechados, que custam de R$ 500 mil a R$ 2 milhões.
- Há compradores de diferentes perfis procurando uma segunda residência para os fins de semana, mas houve também um aumento significativo da busca de imóveis para primeira moradia por profissionais que trabalham no Rio - afirma Patricia Esteves, diretora da imobiliária Judice & Araújo.
O advogado Igor Gomes, de 33 anos, quer sair de Jacarepaguá, onde mora, para viver em Teresópolis: - Como não preciso ir ao escritório todos os dias, na Barra da Tijuca, prefiro morar na serra e descer para o Rio só duas ou três vezes por semana.
O objetivo é ter mais qualidade de vida e fugir da confusão da cidade.
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