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Revitalização do porto do Rio

Todos os anos, de novembro a abril, o porto do Rio de Janeiro se torna uma das principais paradas de cruzeiros internacionais. O problema é que a área que deveria dar boas-vindas aos turistas está bastante degradada. Mas isso deve mudar em poucos anos. Na semana passada, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, assinou uma parceria com o Ministério do Turismo para promover a revitalização do local. O Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) do Rio de Janeiro vai contar com investimento de US$ 187 milhões, montante que será distribuído em cinco anos. Metade dos custos será bancada pelo Ministério do Turismo, e o restante pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Na proposta apresentada pela prefeitura, a maior parte dos recursos (US$ 89 milhões) será investida na revitalização da Praça Mauá, na implantação do Binário do Porto (via que integra Praça Mauá e São Cristóvão) e a criação de um corredor para o turista. Outros US$ 69 milhões serão investidos na criação do Museu do Amanhã, Pinacoteca do Rio, Galpões Culturais, Receptivo para turistas e na recuperação do Morro da Conceição.
O prefeito disse, durante o evento, que quer contar com ajuda da iniciativa privada. O mercado imobiliário então se interessou. Segundo David Cardeman, consultor de desenvolvimento urbano da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ), a área que hoje tem galpões desativados e até invadidos deveria se tornar um local misto, com empreendimentos residenciais e comerciais. "Com isso, a área seria naturalmente reativada", acredita. "Mas para isso tem de ser feita uma revisão da legislação. Caso contrário, nada vai acontecer", afirma.
Cardeman se refere ao fato de que muitos terrenos e galpões são de propriedade de algum ente governamental - da prefeitura, estado ou governo federal. Álvaro Jorge, sócio do escritório Barbosa, Müssch & Aragão, explica que há várias formas de permitir que o setor possa utilizar esses terrenos. Uma delas é a licitação. "Mas não adianta reformar os galpões da prefeitura e deixar os do estado para depois. Tem de concentrar a titularidade dos imóveis, como em um consórcio público", afirma.
Outra saída seria negociações bilaterais, entre prefeitura e setor privado. "Um exemplo é uma possível troca de titularidades. A prefeitura dá um terreno no porto e o setor, em troca, dá outro em uma região que interesse para o governo", diz Jorge. Por fim, podia ser feita uma parceria público-privada. De qualquer forma, ele diz que o importante é que haja um líder público para fazer a ponte com os parceiros privados. "Quanto mais difuso o projeto, mais difícil que ele saia do papel."

Setor imobiliário

Rogério Quintanilha, gerente geral de imóveis da Apsa, diz que hoje a zona portuária não é uma área atraente. "Falta iluminação, segurança, pavimentação e bons acessos." Mas o executivo acredita que a revitalização pode ser a solução para a falta de terrenos disponíveis na capital fluminense. "Essa área vai ser bastante beneficiada", afirma.A Kreimer Engenharia aposta nessa área. Tanto é que já fez retrofit de duas fábricas que acabaram como concessionárias. Além disso, a empresa foi responsável pela Cidade do Samba. Agora, a companhia ganhou a licitação da gestão e construção do AquaRio. O total investido chega a R$ 100 milhões e o empreendimento deve ficar pronto em três anos.
"Estamos aptos a fazer qualquer tipo de construção - seja hoteleira, comercial ou residencial. Estamos aguardando o posicionamento da prefeitura para definirmos em que investir", afirma Roberto Kreimer, diretor-presidente da Kreimer Engenharia. "Acho que no fim a área vai ser uma mescla dos três, é um lugar muito nobre."
José Conde Caldas, presidente da Concal, lembra que a cidade do Rio de Janeiro está recebendo diversas empresas de grande porte. "Mas faltam empreendimentos de triple A no município para abrigá-las", diz. A saída pode ser a zona portuária. "Ainda mais agora que a Baía da Guanabara deve finalmente ser despoluída", aponta. "O grande empecilho é a Perimentral, que esconde a cidade."
Conde Caldas se refere ao elevado da Perimetral, viaduto com 7 quilôpmetros de extensão construído sobre a Avenida Rodrigues Alves, uma das principais artérias viárias da cidade. Eduardo Paes manifestou, no começo de sua gestão, o desejo de eliminar o trambolho da paisagem da cidade. A ideia, porém, não consta na proposta que foi entregue ao ministro do Turismo.
"O mercado espera ansiosamene por essa revitalização, porque hoje o único destino do setor é a Barra da Tijuca. Vai ser uma alternativa para a classe média", afirma Rubem Vasconcelos, presidente da Patrimóvel. A CHL espera que isso realmente aconteça. A empresa comprou um terreno de 7 mil metros quadrados e prevê a construção de uma torre de 25 mil metros quadrados de área locável. O Valor Geral de Vendas (VGV) deve girar em torno de R$ 100 milhões.
"Os dois armazéns que já foram reformados conseguiram mudar a postura das pessoas que passam pela região. Pode olhar, na frente deles, ninguém joga mais papel no chão", afirma Ricardo Freitas, diretor de incorporação da companhia. "O grande problema da área é a questão jurídica. Demoramos muito tempo para encontrar um terreno, porque quase todos são de entes públicos. A maioria dos terrenos abriga escolas de samba, garagem de ônibus ou estão abandonados", afirma.
22/07/2009